Cada dia é mais comum chegar em um condomínio e ser atendido por uma portaria eletrônica ou acessar um portão por QR Code, tudo sem contato com o porteiro físico ou o zelador. Atualmente, segundo o último levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), existem 4 mil condomínios com portarias remotas. Um número que cresceu mais de 30% no último ano, mas ainda tem muito para crescer, já que apenas 17% das habitações possuem esse tipo de solução.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, uma pesquisa da plataforma SíndicoNet, que auxilia na gestão de portarias, feita em 2021 com 957 gestores da metrópole, apontou que 15,4% dos condomínios demitiram porteiros e colocaram em seus lugares um sistema eletrônico. Em 2018, o índice era de 8,2%, ou seja, o aumento foi de 86% durante o período.
Estes dados foram alavancados nos últimos anos. O primeiro fator é a busca para diminuir custos. Dados apontam uma redução de até 70% de gastos após a instalação da segurança eletrônica. Outro ponto é a chegada da pandemia, que aumentou a busca por tecnologias de automação para diminuir contato físico.
Mas então a profissão de porteiro e zelador irá desaparecer?
Não. Muito pelo contrário. Esses cargos devem ser unificados e ganhar ainda mais importância na gestão de condomínios residências ou empresariais. O profissional deverá ser mais especializado para dar conta de suas novas atribuições que vão das funções tradicionais de coordenar o andamento do local e a convivência dos moradores, até as mais novas funções, como ser a interface entre o prédio e as tecnologias de segurança, monitoramento e logística.
Neste novo escopo, os ‘zeladores do futuro’ terão de entender o funcionamento das portarias remotas, câmeras de monitoramento, cancelas e catracas automáticas, servindo como o ponto de comando dentro do condomínio, garantindo o perfeito funcionamento. Ou seja, a eficácia do sistema de segurança do condomínio passa, também, pelas mãos deste profissional. Além disso, conhecendo as soluções a fundo, o zelador estará preparado para atuar em caso de uma emergência e lidar com eventuais panes de maneira rápida.
O ponto ainda mais importante é em relação a logística de entregas. Dados mostram um crescimento estrondoso nas demandas das portarias com o aumento do comércio online. Em 2021, segundo a 45ª. edição do Webshoppers, da E-bit/Nielsen, 87,7 milhões de brasileiros fizeram compras nas lojas virtuais. E esse número deve crescer 56% até 2024. Portanto, este comportamento veio para ficar.
O zelador deverá estar cada vez mais preparado para lidar com a gestão das encomendas e recebidos, fazendo com que as compras cheguem aos moradores de forma correta e sem danos. De dentro da porta do condomínio até a porta das casas, a responsabilidade passa a ser exclusiva dele.
A cena clássica da figura de um senhor atrás de uma mesa na portaria ou hall de prédios deve ficar cada vez mais para filmes de época. Atualmente, os condomínios residências e comerciais terão profissionais com um novo perfil. Profissionais qualificados que tenham como capacidade principal a de serem bons gestores e lidarem bem com as novas tecnologias.
* Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.
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