A alta criminalidade brasileira trouxe um grande problema econômico para o país: o aumento do preço de bens e serviços. Segundo os dados divulgados pelo Atlas da Violência 2019, realizado e divulgado este mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os custos indiretos relacionados aos crimes de roubo fazem com que os produtos cheguem às prateleiras até 30% mais caros. O principal fator é o aumento de roubos de carga, especialmente na região Sudeste do país – 80% dos roubos – já que as chances da mercadoria nem chegar ao destinatário é grande.
Desde a fabricação do produto, o custo com o possível roubo dele já é incluso no valor. Os produtos mais visados pelos criminosos são eletrônicos, que podem chegar às lojas com o preço 30% maior por conta do risco de serem roubados, produtos farmacêuticos, inclusive medicamentos – 30% a mais do preço -, vestuário – 15% a 20% -, produtos alimentícios – 20% -, bebidas, cigarros e até combustíveis.
Os custos com seguro de cargas é o principal fator para isso. As transportadoras estão tendo que investir em escoltas armadas, monitoramento ou até mesmo optam por trajetos mais longos, porém seguros, o que ocasiona o aumento de combustível. Desde 2017, o Brasil está no oitavo lugar dos países mais perigosos no transporte de cargas entre 57 países, segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), perdendo para países em situação de guerra, como Iêmen e Síria. A pesquisa ainda diz que em apenas 44 dias, o Brasil registra uma quantidade de roubos de cargas que equivale ao total ocorrido nos Estados Unidos e na Europa, juntos, em um ano inteiro. O auge do roubo de cargas no Rio de Janeiro foi em 2017. Para você ter ideia, 13% das empresas transportadoras faliram.
As medidas preventivas contra roubos também acontecem nas lojas. Os custos com segurança ou o simples ato de o comerciante fechar o estabelecimento mais cedo para não sofrer o risco de ações criminosas e perder venda impacta no valor dos produtos. Muitas fábricas e lojas trabalham com estoque maiores por receio de haver desabastecimento.
Todas estas são medidas pala diluir o prejuízo se os roubos vierem a acontecer. No Brasil, todos são vítimas da alta criminalidade, até o preço de produtos básicos para a existência humana.