Marco Antônio Barbosa**
A eleição de Jair Bolsonaro para Presidente da República foi apoiada principalmente em dois pilares: combate a corrupção e diminuição da criminalidade. Os índices alarmantes de violência alcançados nos últimos anos deixaram toda população aflita por uma solução. Entretanto, esta ansiedade pode ser o maior desafio que o novo governo e o novo ministro da justiça, Sérgio Moro, terão de enfrentar. É importante pontuar desde já para todos que não existe uma fórmula imediata e a solução passa também pela consciência de todos.
A maioria das medidas que cabem ao governo são de longo prazo, mas precisam ser iniciadas urgentemente. Reforma do judiciário – para acabar com a morosidade dos processos para evitar que suspeitos aguardem julgamento junto com criminosos de alta periculosidade – investimento em inteligência e integração das policias – a informação precisa ser difundida para que uma facção que age no Brasil inteiro seja combatida – investimento em políticas de saúde, moradia e, principalmente educação – dar condições para que os mais pobres consigam ter oportunidades fora do crime.
Além do longo prazo, é importante manter o investimento em infraestrutura e tecnologia. Os criminosos estão sempre se reinventando. A polícia também precisa disso. Aumentar também o combate ao crime organizado nas fronteiras é um fator diferencial.
Mas além disso, qual a parcela que cabe a nós população? Nós também temos culpa?
Temos sim. Aquele produto contrabandeado que você compra, ou aquele celular seminovo ou um pneu usado, um som para o seu carro comprado no camelô. Todos esses produtos são frutos do crime. E se há de demanda, só vai mudar o bandido. A violência vai continuar sempre. É um ciclo que precisa ser quebrado.
A cultura dos pequenos delitos e corrupções do dia a dia também precisa acabar. O fato de querer se dar bem de forma fácil é o princípio básico do crime. Um troco errado que você aceitou e o mesmo roubo do que levar o caixa inteiro da padaria.
A ansiedade de que resolvam o problema sem nos incluir como parte da solução é uma faca de dois gumes que o novo presidente, com usa popularidade, precisa ajudar a acabar. O sentido de que a sociedade é plural e não singular seria o primeiro passo para uma solução. Não podemos chorar somente quando perdemos um ente querido.
Por todos estes pontos não será fácil e precisamos estar cientes. O novo governo tem a chance de começar a reverter o quadro atual e precisa agir colocando todos na mesma página. Sem ansiedade, mas sem morosidade.
** Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.