A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) divulgou, em fevereiro, que o setor registrou um faturamento de R$ 191,8 bilhões no Brasil no ano passado, um expressivo crescimento de 20,5% em relação a 2021, quando contabilizou R$ 159,2 bi. Esses grandes centros comerciais receberam, em 2022, uma média de 443 milhões de visitantes por mês, uma alta de 12% na confrontação com o mesmo período do ciclo anterior de 12 meses, quando 397 milhões estiveram mensalmente nessas estruturas voltadas ao consumo no país.
Esse aumento confirmado pelo Censo Brasileiro de Shopping Centers 2022/2023 ocorreu na esteira da diminuição do índice de desemprego, que caiu 8,1% no trimestre encerrado em novembro passado, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada em janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aquecimento deste segmento da economia, entretanto, também ajudou a instigar algumas ações de criminosos em shoppings, muitas delas ocorridas contra joalherias, como a que aconteceu no Village Mall, no Rio de Janeiro, em junho do ano passado, quando a investida de uma gangue com mais de dez integrantes em um assalto durou menos de dois minutos, fez ao menos três reféns e resultou na morte de um vigilante que foi baleado durante a fuga dos bandidos do local.
Ao comentar esse panorama recente, Marco Barbosa, diretor da unidade brasileira da Came, empresa de segurança que é líder mundial em produtos de automação de acesso, revelou que duas famosas joalherias com lojas em shoppings procuraram a companhia em busca de bollards, que são barreiras de proteção retráteis de alta resistência a impactos, cujo acionamento pode ocorrer por meio de apenas um botão. O equipamento serviria para evitar a debandada de criminosos fugitivos ao ser instalado em portarias ou em áreas de saída.
“Duas grandes joalherias, cujos nomes eu ainda não posso citar por uma questão de sigilo pedido pelas próprias marcas, nos procuraram para instalação de bollards, que podem ser colocados na entrada do shopping ou até mesmo em frente à vitrine da loja”, diz Barbosa, que é especialista em segurança.
O diretor da Came exalta também a praticidade de funcionamento desse dispositivo de proteção. “As joalherias e os próprios shoppings onde esses comércios estão instalados têm pensado em melhorar os seus processos de controle de acesso. E, se tiverem problemas de assalto com fuga, em um clicar de botão, o bollard é acionado e, com isso, ninguém entra e ninguém sai. Esse equipamento tem a capacidade de aguentar o impacto de um veículo de até 70 toneladas a uma velocidade de até 90 km/h”, completa Barbosa.
O especialista também enfatiza que o perfil de segurança montado por empresas de transportes de valores, cadeias de joalherias e condomínios fechados de alto padrão está mudando para poder estar preparado para as ações cada vez mais ousadas dos criminosos. “Temos bollards da Came instalados em condomínios dos estados de Goiás e de São Paulo. E esse tipo de equipamento não é usado apenas para preservar a integridade das pessoas, mas os valores que são bens móveis, como carros de luxo, que podem valer milhões. Está tendo uma evolução grande nos sistemas de segurança voltados também para a parte residencial”, revela o diretor da Came ao falar do quadro atual do seu segmento.
Barbosa, por sua vez, reitera a importância de se preocupar em instalar sistemas de segurança antes da ocorrência de incidentes causados por criminosos que percebem falhas que podem ser aproveitadas em esquemas de proteção deficientes. “Você quer primeiro ter um problema ou um prejuízo para depois tomar uma decisão nesse sentido? Ou você quer ser preventivo ao reforçar a segurança e estar apto a minimizar uma possível intercorrência?”, questiona.