Sabemos o quanto é ruim viver em um país com um sentimento de insegurança. O medo de sair de casa e ser roubado ou de deixar nossa casa e ter os nossos bens furtados. Mas, além do problema psicológico causado pela violência, agora descobrimos como ela impacta diretamente no nosso bolso.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados na última edição do Atlas da Violência do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as empresas brasileiras gastam em média, por ano, R$ 171 bilhões para se protegerem da criminalidade. Esse número corresponde a 1,7% do PIB nacional de 2022.
Esse investimento precisa ser recuperado para que esses negócios tenham lucro. Por isso, esse montante está embutido em tudo que compramos. De uma agulha a um carro.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) calcula que o cidadão residente no estado mais rico do país paga, em média, R$ 4.540 ao ano em custos diretos e indiretos causados pela violência. Ou seja, quase R$ 380 do seu orçamento mensal está endereçado para a segurança das empresas que você consome.
A insegurança também desacelera a nossa economia. Para onde poderiam ser destinados os R$ 171 bilhões caso não estivéssemos vivendo este drama? Com certeza, para mais pesquisas, mais estrutura, mais empregos. Um aporte necessário para injetar mais competitividade à nossa indústria.
Essa alta necessidade de investimento em tecnologia e soluções privadas é a consequência de um Estado omisso, que não consegue criar políticas públicas para vencer essa guerra. É o resultado de muitos anos de falta de planejamento na área, que deixaram o país à mercê do crime organizado que, hoje, atua em todo o país.
O contribuinte, que paga seus impostos em dia tanto como pessoa física ou jurídica, precisa investir também no privado para poder ter acesso à segurança. Se levarmos os tributos em conta, esses números, que já parecem grandes, seriam ainda mais astronômicos.
Somente com uma política nacional integrada entre governo federal e estados, que envolva uma tecnologia de investigação, leis mais duras e investimento inteligente em policiamento, poderemos retomar as rédeas da situação.
O investimento correto e planejado em segurança é um ponto crucial para um crescimento econômico sustentável do Brasil. Precisamos parar de pagar uma conta em dinheiro e com vidas.
** Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.